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Contribuição de Roberto Antonaz
Membro do Bureau Político do Partido da Refundação Comunista (Itália)
Caros Companheiros e Caras Companheiras,
1. Esta é a primeira vez que um encontro mundial de Partidos Comunistas e Partidos Operários acontece fora da Europa. Um agradecimento à Direção do PCdoB que fortemente se empenhou pela realização deste encontro e aos camaradas que possibilitaram sua realização, em particular aos jovens, por seu empenho e trabalho.
2. Eu também falarei da crise. A crise era um acontecimento inesperado para quem confiava cegamente nos mecanismos e na missão salvadora do capitalismo.
No entanto, para nós que conhecemos a tendência do mercado, de entrar em crises cíclicas, mais ou menos profundas, não há surpresa. Esta é uma crise profunda e uma coisa é certa: nada será como antes.
3. Todavia essa crise não possui uma definição prefixada automaticamente. Não há nenhuma certeza de que a crise, que está apenas em seu início, rume para a esquerda e ajude a perspectiva do socialismo. Esta é uma partida que devemos jogar até o fim.
4. Se é verdade que a credibilidade do liberalismo está minada em seus fundamentos e a movimentação dos trabalhadores e das massas empobrecidas conhecerão um forte crescimento, é também verdadeiro que o capitalismo não renunciará facilmente à sua hegemonia, tentando repassar os custos para os países pobres e, dentro de cada país singularmente, aos trabalhadores, aos imigrantes, aos estratos populares. Do mesmo modo que corremos o risco de ver o desencadear de métodos violentos, ditaduras e soluções militares isto é, a guerra, como sucedeu nas crises precedentes.
5. Sob este aspecto, a eleição de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos representa um acontecimento positivo e não apenas simbolicamente. Todavia Obama não está em condições objetivas e nem tem a intenção de modificar a tradicional política dos EUA como guardião dos interesses dos grandes poderes econômicos.
6. Nós pensamos que no próximo período é necessário operar amplamente, promovendo e organizando lutas e recuperando a batalha cultural.
Devemos impedir que seja passada a idéia de que a crise é produto de um incidente causado por especuladores financeiros inescrupulosos e que a assim chamada “economia real” é substancialmente sã, atingida por uma crise determinada pela especulação da bolsa.
Devemos explicar e afirmar fortemente que não existe uma fronteira tênue entre a economia financeira e a economia real, devemos explicar que o que está em crise profunda é o capitalismo enquanto tal, incapaz de resolver os problemas da humanidade. A forma que o capitalismo assumiu nos tempos modernos isto é, o neoliberalismo, faliu e isso determinará a curto prazo mais luto e mais sofrimentos a toda a humanidade.
7. O vencedor da batalha cultural que entre nós e eles que advirá nos próximos anos, terá provavelmente a possibilidade de determinar o desenlace da crise.
8. Na Itália, entramos na recessão econômica num contexto desfavorável. O governo Berlusconi é hoje, o governo mais à direita da Europa com forte musculatura fascistóide e, não por acaso, vemos quase todos os dias, atos intimidatórios e a verdadeiras ações de quadrilhas.
9. A Refundação Comunista e o conjunto da esquerda chegam a este encontro com a história numa condição difícil. Pagamos o preço da desastrosa experiência de governo com a centro-esquerda moderada, o governo Prodi, e a apresentação de uma única lista, a esquerda arco-íris que reagrupava os quatro principais partidos de esquerda e não conseguiu superar a cláusula de barreira para chegar ao Parlamento.
10. A consciência e o conhecimento dos nossos esforços políticos que a crise abre é hoje determinante para um novo deslanche. No último congresso, ocorrido no verão passado, impedimos a dissolução do PRC num partido genérico de esquerda, projeto que uma parte significativa do grupo dirigente do PRC levava adiante.
Hoje, a Refundação Comunista está novamente em campo e opera sua recomposição com um giro à esquerda que exclui imediatamente qualquer possibilidade de aliança com o Partido Democrático, intensificando ações políticas com as classes subalternas, com os trabalhadores e com as lutas populares.
11. O retomar das lutas pode ser rápido porque hoje, na Itália se está desencadeando um grande movimento estudantil e multiplicam-se as lutas operárias que culminarão em uma greve geral no dia 12 de dezembro próximo.
Coloca-se para nós toda uma grande tarefa: lutar por um outro mundo onde a igualdade e a solidariedade possam superar o individualismo e a competitividade. Põe-se, novamente, na ordem do dia, a perspectiva de um outro mundo possível.
12. Nem tudo aquilo que contribui para este caminho está sob o nome de comunismo. Sabemos ainda que no passado o comunismo proporcionou tantas ações gloriosas e alcançou muitos objetivos, mas que também produziu tragédias e criou novas desigualdades. É necessário abrir e buscar alianças no resto do mundo do anti-capitalismo: no “outro - mundismo”, no pacifismo, no ecologismo, nos movimentos religiosos de esquerda, etc. Nós reivindicamos a possibilidade de nossa experiência de Esquerda Européia que, soube reagrupar e estabelecer relações estáveis entre Partidos Comunistas e Partidos anti-Capitalistas em nível do continente Europeu.
13. Acreditamos que nessa estrada precisamos ser menos tímidos, assim como na nossa história, a história do movimento comunista, que deve ser avaliada criticamente para ganhar mais força, hoje, quando somos chamados a novas e entusiasmantes tarefas. Hoje, é necessário renovar a teoria e a prática do comunismo para que possamos ser mais bravos, mais fortes, mais honestos, e mais sinceros do que nossos adversários porque nada é mais atual que a profética visão de Rosa Luxemburgo: Socialismo ou Barbárie.